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domingo, 5 de junho de 2011

Fanatismo, obsessão, paixão ou demência? Nossa masculina paixão incondicional pelo automóvel.

Não é possível a qualquer mente feminina esquartelar nossa alma em busca dos motivos da obsessiva paixão masculina automotiva.
Ela não é discreta e nem pede para ser.
É e fala mais alto por nós do que a ciência toda que estuda as patologias mentais masculinas.
Quando entramos no habitáculo do nosso venerado veículo somos tomados de uma esquizofrenia atroz.
Há mudanças de atitude e comportamento.
Ali é o nosso reino, império e belvedere tão buscados.
Cometemos os mais atrozes deslizes e os mais felizes acertos sentados ao volante.
Nossa mente se ilumina e ironicamente somos mais velozes sentados do que correndo a pé.
A coragem aos píncaros, libido em ascendente e ternura cuspindo flores com espinhos.
Ali a decoração é nossa. Nada de rosa, laçarote ou paspatur nas janelas.
O ambiente é liso, viril, objetivo, prático, tecnológico, frio, acéptico.
Estamos no comando. Generais em atitude e ações, somos os senhores de nosso destino sem destemor.
O automóvel faz parte do organismo masculino.
Mulheres na direção vão de um lugar para outro. Homens dirigem, guiam, sorvem prazer, extraem poesia de um ato tido como banal.
Numa pesquisa americana, mulheres ao atingirem um padrão monetário, pensam numa casa. Homens entram numa concessionária.
Mulheres não contém a bactéria automotiva.
Automóvel e seu universo é convergência masculina. Habitat natural do huomo-móvel.
Graxa na unha é jóia masculina. Cheiro de gasolina é perfume de gente com cabelo no peito.
Não me entenda como alguém que não gosta de mulheres. Tenho uma, linda, que mora na minha casa e na garagem do meu coração.
Aos automóveis o fui apresentado antes.
O trajeto do hospital onde nasci, até minha casa foi cumprido a bordo de uma Chevy Bel Air 1955.
Meu primeiro beijo foi no interior de um Chevette.
Minha primeira grande viagem foi no banco traseiro de um Opala.
Minha primeira grande decepção foi dentro de um Maverick, ao ser dispensado por uma namorada.
Perdi meu irmão num acidente com um Palio.
Minha mãe foi carregada a sua última morada numa Omega Suprema.
Carreguei meu filho e a mãe dele, da maternidade para casa, numa Chevrolet S10.
Como ser possível não ter tamanha ligação com estes reflexos metálicos com alma sobre rodas?
Carros são adereços másculos cedidos às mulheres por compaixão.
O que jamais poderá ser conferido ao mundo feminino será a intransponível compreensão da ligação dos homens com os automóveis.
Fanático, obsessivo, apaixonado, demente? Não tenho tempo para isto. Preciso polir meus carros.

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