Um texto antigo, de janeiro de 2010, mas ainda válido...
Mas isso é algo que sei de ouvir falar. A Jackie Della Barba me enviou o link de um blog, da historiadora e educadora Maria da Conceição Oliveira, a Maria Frô. Neste post, ela mostra sua mais do que justificada indignação com a forma com que essa questão está sendo tratada em São Paulo.
Na essência, o que Maria Frô diz é o seguinte: quando é que o governo estadual ou municipal avisou a cada um de nós, oficialmente, sobre essa papagaiada? Quais informações nos foram passadas de maneira oficial, com carta em papel timbrado ou coisa do gênero?
Quem sabe de alguma coisa, sabe pela imprensa. Mas ninguém é obrigado e ler jornal todo dia, nem a ver TV, nem a escutar rádio. Quando o Estado quer falar com o contribuinte, quando inventa uma nova taxa, uma nova obrigação, que o faça diretamente. Não pode supor simplesmente que todos encontrem as informações espontaneamente. É assim com os carnês que recebemos todos os anos, de impostos de todos os tipos. Eles chegam a nós. Não vamos atrás deles. Sobre essa vistoria, eu não recebi porra nenhuma. E o Detran tem meu endereço em uma pancada de carros registrados em meu nome. Não ter recebido nada, em tese, me desobriga de saber do que se trata essa merda.
O que ouvi falar, sei lá quando, é que o valor pago seria devolvido, e agora não será mais. Como disse, não me importei porque nenhum carro meu se enquadrava na massa veicular para a qual a vistoria seria obrigatória. Sempre fiz meus licenciamentos pela internet, pagando todas os impostos e taxas de envio, justamente porque, como a Maria Frô, tenho pavor de ir ao Detran, um antro de burocracia burra e incompetente, terreno fértil para a corrupção e área de atuação de despachantes, aqueles que vivem das dificuldades que o Estado cria, para que compremos facilidades de alguém. E depois que tiraram o Detran do prédio do Ibirapuera, nem sei mais onde fica. E nem quero saber.
SÃO PAULO (respostas, respostas…) - Senhoras e senhores, eu vinha evitando falar nesse assunto por puro egoísmo, já que ele não me afetava. Trata-se da inspeção veicular instituída em São Paulo no ano passado, ou retrasado. Primeiro, para carros mais novos, a partir de não sei qual ano — o que simplesmente não faz sentido algum quando se sabe que os carros mais velhos são aqueles que apresentam mais problemas, da segurança à emissão de poluentes.
Pois, agora, todos terão de fazer a tal inspeção. Independente do ano, da cor da pele, do credo que professa.
Pois, agora, todos terão de fazer a tal inspeção. Independente do ano, da cor da pele, do credo que professa.
Mas isso é algo que sei de ouvir falar. A Jackie Della Barba me enviou o link de um blog, da historiadora e educadora Maria da Conceição Oliveira, a Maria Frô. Neste post, ela mostra sua mais do que justificada indignação com a forma com que essa questão está sendo tratada em São Paulo.
Na essência, o que Maria Frô diz é o seguinte: quando é que o governo estadual ou municipal avisou a cada um de nós, oficialmente, sobre essa papagaiada? Quais informações nos foram passadas de maneira oficial, com carta em papel timbrado ou coisa do gênero?
Quem sabe de alguma coisa, sabe pela imprensa. Mas ninguém é obrigado e ler jornal todo dia, nem a ver TV, nem a escutar rádio. Quando o Estado quer falar com o contribuinte, quando inventa uma nova taxa, uma nova obrigação, que o faça diretamente. Não pode supor simplesmente que todos encontrem as informações espontaneamente. É assim com os carnês que recebemos todos os anos, de impostos de todos os tipos. Eles chegam a nós. Não vamos atrás deles. Sobre essa vistoria, eu não recebi porra nenhuma. E o Detran tem meu endereço em uma pancada de carros registrados em meu nome. Não ter recebido nada, em tese, me desobriga de saber do que se trata essa merda.
O que ouvi falar, sei lá quando, é que o valor pago seria devolvido, e agora não será mais. Como disse, não me importei porque nenhum carro meu se enquadrava na massa veicular para a qual a vistoria seria obrigatória. Sempre fiz meus licenciamentos pela internet, pagando todas os impostos e taxas de envio, justamente porque, como a Maria Frô, tenho pavor de ir ao Detran, um antro de burocracia burra e incompetente, terreno fértil para a corrupção e área de atuação de despachantes, aqueles que vivem das dificuldades que o Estado cria, para que compremos facilidades de alguém. E depois que tiraram o Detran do prédio do Ibirapuera, nem sei mais onde fica. E nem quero saber.
Pois agora tenho uma pilha de IPVAs para pagar e de carros para licenciar, e não sei o que fazer. Dizem que existe um selo verde, e que sem ele nenhum documento de 2010 será emitido. Que merda é essa? Não entregam mais o documento se não for feita a vistoria? O governo poderia, por favor, se comunicar com este pobre cidadão para me dizer o que fazer? Onde fazer? Em que categoria se encaixam meus carros com placa preta, de coleção, que passam o tempo todo na garagem porque é impossível andar na merda do trânsito desta cidade?
Leiam a carta aberta da Maria Frô ao prefeito e ao governador. Ela está coberta de razão. O governo parece ter vergonha dessa picaretagem que é a inspeção veicular. Sei bem como ela funciona em países desenvolvidos. Às claras, com seriedade, transparência.
Alguém aqui pode me dizer o que fazem nessa inspeção? Medem o desgaste de pneus? A emissão de fumaça? Checam os freios? A parte elétrica? O alinhamento da direção? Que porra é essa, afinal?
Leiam a carta aberta da Maria Frô ao prefeito e ao governador. Ela está coberta de razão. O governo parece ter vergonha dessa picaretagem que é a inspeção veicular. Sei bem como ela funciona em países desenvolvidos. Às claras, com seriedade, transparência.
Alguém aqui pode me dizer o que fazem nessa inspeção? Medem o desgaste de pneus? A emissão de fumaça? Checam os freios? A parte elétrica? O alinhamento da direção? Que porra é essa, afinal?
Estou muitíssimo propenso a não licenciar nunca mais meus carros antigos. Foda-se. Não pretendo vender nenhum deles, mesmo, então que se danem os documentos. Vão ficar parados, ou no máximo rodarão em um condomínio fechado. Não vou encarar o trânsito de São Paulo, correndo o risco de ficar boiando em alguma avenida, para levar cada um deles a um agente vistoriador que não sei que pito toca, que não tem informação nenhuma sobre as características de um veículo histórico, que não sabe o que é uma placa preta, que vai achar que DKW faz muita fumaça e é culpado pelo aquecimento global.
Se alguém quiser inspecionar meus carros, que vá em casa. Ou, então, alerte as autoridades policiais para que me parem na rua.
Se alguém quiser inspecionar meus carros, que vá em casa. Ou, então, alerte as autoridades policiais para que me parem na rua.
por Flávio Gomes
É jornalista, dublê de piloto e escritor. Atua em jornais, revistas, rádio, TV e internet. “Um multimídia de araque”, diz ele. No Twitter, @flaviogomes69
Nenhum comentário:
Postar um comentário